Dinhana Nink, a jovem mãe agricultora assassinada por sicarios contratados
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Dinhana Nink era natural de Lábrea, município a 610 km de Manaus, e estava na lista elaborada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) de pessoas ameaçadas de morte na Amazônia por conflitos agrários….
A polícia investiga a morte da trabalhadora rural amazonense Dinhana Nink, de 28 anos, assassinada na madrugada de sábado (31) em Nova Califórnia, Rondônia. O filho da vítima, de cinco anos, testemunhou o crime. Ela era natural de Lábrea, município a 610 km de Manaus, e estava na lista elaborada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) de pessoas ameaçadas de morte na Amazônia por conflitos agrários.
A CPT informou ao G1 que a vítima disse, dias antes de ser assassinada, que estava sendo seguida por dois homens em motocicletas. Segundo a Comissão, a dupla acompanhava diariamente o trajeto da agricultora do trabalho à casa. Na madrugada de sábado (31), os pistoleiros invadiram a casa da trabalhadora rural quando ela se preparava para dormir e a mataram, na frente do filho de cinco anos, com um tiro de espingarda no peito.
De acordo com a coordenadora da CPT do Amazonas, Francisneide Lourenço, em novembro de 2011, a extrativista foi agredida fisicamente e perdeu a casa, localizada no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Gedeão, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em um incêndio criminoso.
Pistoleiros contratados
Ainda segundo a CPT, Dinhana era ameaçada de morte por grileiros da região do Sul de Lábrea. As ameaças começaram após a agricultora denunciar à polícia a agressão física cometida pelo filho de uma mulher suspeita de extração ilegal de madeira e grilagem no município. "Esta mulher passou a dizer que ia mandar matá-la. Tacaram fogo na casa dela e contrataram pistoleiros para tirar a vida da agricultora", ressaltou Francisneide.
A Comissão da Pastoral informou ainda que mais duas pessoas estariam na lista de pessoas ameaçadas por este grupo de grileiros. "Segundo informações, os pistoleiros foram contratados para matar três pessoas. Uma já foi, mas não sabemos quem são os outros dois", disse a coordenadora da CPT no Amazonas.
Em entrevista ao G1, o pai de Dinhana, Ermelindo Nink, de 50 anos, contou que a filha deixaria a cidade devido às ameaças. "Ela deveria estar chegando hoje a Porto Velho. Todos nós deixamos aquela cidade. Em Lábrea, estes monstros agrediram minha esposa durante o trabalho, ameaçaram meus filhos, disseram que iam acabar com minha família. Eu saí de lá e vim para Porto Velho porque minha esposa adoeceu e ficou muito mal por conta das ameaças. Dinhana só ia organizar tudo e vir para cá, o marido dela já estava aqui", disse.
O filho de Dinhana
O filho de Dinhana, que viu a mãe ser morta, já está em Porto Velho com os avós. "Ele tem vindo bastante à igreja. Como é muito novinho, ele não entende bem, mas aos poucos relata o que aconteceu na casa", relatou Ermelindo.
O pai da vítima protestou ainda contra a violência no local. "Vivemos regrados ali. O Brasil nem o mundo conhecem a nossa realidade. Não digo isso porque minha filha morreu, mas porque sei que mais pessoas vão morrer ali. São vidas que estão ali, não são bichos. Espero que essas mortes parem. O povo não vive, ele é obrigado a vegetar".
Mortes por disputas agrárias
Agentes da Força Nacional de Segurança Pública (Fnsp) estão no município para fazer a segurança da área, de acordo com a Pastoral. "É necessário mais segurança. Esta é uma região com alto índice de mortes por disputas agrárias", denunciou a coordenadora.
Francisneide Lourenço disse ainda que, por ser uma área de fronteira estadual, os moradores de Lábrea sofrem diversas dificuldades para registrar estes crimes. "Aquela é uma área entregue às baratas. No Sul de Lábrea não tem posto policial, então quando acontece algo, eles vão prestar queixa em Rondônia porque é mais perto, mas eles dizem que tem que ser no Amazonas e os moradores ficam totalmente desamparados. Quem manda na cidade são os pistoleiros contratados por grandes madeireiros da região", explicou.
Dados de balanço divulgado pela CPT em 2010 apontam que, apenas no município de Lábrea, oito pessoas são ameaçadas de morte. Em todo o Amazonas, o número chega a 32. Novos dados serão divulgados ainda este ano, de acordo com Francisneide, e informações preliminares apontam que o índice de vítimas de ameaças poderá duplicar.
Em nota enviada ao G1, o Incra afirmou que manifesta apoio aos assentados e trabalhadores rurais e repudia qualquer crime ligado às questões agrárias ocorridos na área da PDS, que abriga mais de 120 famílias.
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O area do assassinatos seriales na Amazonia, em a fronteira com Bolivia.
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Asesinan a campesina que denunció a madereros
Dinhana Nink, de 27 años, fue muerta con un tiro de escopeta el sábado y la policía abrió una investigación con la sospecha de que el crimen está vinculado a la militancia ambientalista de la víctima…
Una campesina brasileña de 27 años, que denunció a los traficantes de maderas, fue asesinada en el estado amazónico de Rondonia, informó la prensa local. Su nombre era Dinhana Nink y fue acribillada a mansalva en presencia de su hijo de cinco años.
La Comisión Pastoral de la Tierra, dependiente de la Iglesia católica, consignó que Nink trabaja en una plantación del Proyecto de Desarrollo Sostenible Gedea, en el municipio de Lábrea, en la frontera de los estados de Rondonia y Acre, en el este amazónico.
Para la Comisión, no se descarta que Nink haya sido ejecutada por haber denunciado a los traficantes de madera y agricultores que desmontan la Amazonia.
"Ella fue asesinada frente a su hijo de cinco años" declaró Francineide de Souza Lourenzo, miembro de la Comisión, quien recordó que la casa de la mujer fue incendiada en noviembre, en presunta represalia por su activismo en defensa del medio ambiente y contra la depredación.
En la misma región donde se cometió el crimen el sábado había sido asesinado, el 27 de mayo del año pasado (tres días después de la muerte de los esposos Ribeiro dos Santos en el Estado de Pará), el dirigente campesino Adelino Ramos, de 57 años, quien integraba el Movimiento Campesino Corumbaria.
Poco antes del crimen de Ramos, otros dos labriegos que trabajaban en un emprendimiento ambientalista, habían sido ejecutados en el estado de Pará, ubicado en el oeste amazónico.
Adelino Ramos, asesinado el 27 de mayo del pasado año, en Rondonia,
el mismo Estado donde asesinaron la semana pasada a Dinhana Nink.
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