lunes, 16 de mayo de 2011

OLHA BRASILEIRA | A influência da atividade humana nas inundações

Os gases do efeito estufa emitidos à atmosfera por causa da atividade humana aumentaram de maneira significativa a probabilidade de chuvas torrenciais e o risco de inundaçõeslocais, segundo duas pesquisas publicadas no último número da revista científica "Nature".
Trata-se das primeirasconstataçõesformais da contribuição da atividade dos seres humanos aosfenômenos hidrológicos extremos.
Até agora, os estudossugeriam que o aquecimento global da atmosfera induzido pelo homem era parcialmente responsável pelos aumentos nos níveis de precipitações.
No entanto, e devido à disponibilidade limitada de registros diários, a maioria dos estudos realizados sobre este tema sóexaminavam a potencial detecção das mudanças pluviométricas através de modelos de comparação.
Francis Zwiers e seus colegas da Universidade de Victoria (Canadá) estudaram as precipitações registradas entre 1951 e 1999 nasuperfície terrestre do hemisfério norte, incluindo o norte do continente americano e a Eurásia, incluindo toda a Índia.
A conclusãofoi que os gases do efeito estufa tiveramumainfluênciamuito significativa naintensificação das chuvas emdoisterços das superfíciesestudadas.
Emumestudo paralelo, o professorPardeepPall e um grupo de especialistas da EidgenössischeTechnischeHochschule de Zurique (Suíça) estudaram as inundações registradas no Reino Unido emoutubro e novembro de 2000, o outonomaisúmidona Inglaterra e no País de Gales desde o início dos registros, em 1766.
Utilizando milhares de modelos de simulação para recriar os diferentes cenários meteorológicos que podiam ter ocorrido no outono de 2000, chegaram a conclusão que "embora a magnitude precisa da contribuiçãoantropogênicacontinuesendoincerta", tudo parece indicar que a influência humana é decisiva.
"Em nove de cada dez casos, os resultados de nossos modelos indicaram que as emissõesantropogênicas de gases do efeito estufa aumentaram o risco de inundaçõesna Inglaterra e em Gales emmais de 20%, e emdois de cada três casos em 90%".
Mylles Allen, professor da Universidade de Oxford, escreveuna "Nature": "não podemos dizercomuma certeza absoluta qual é exatamente a influência dos seres humanos nesteprocesso".
"Mas é umacontribuiçãorazoavelmente substancial ao risco de inundações no Reino Unido", acrescentou Allen, que considerou que as conclusõesdesteestudopodem ser úteis no futuro, já que permitirá saber quaisinundaçõessãoconsequênciadireta da mudança climática e quaispodem ser atribuídasao "azar".
O professor Mark Maslin, codiretor do Instituto do Meio Ambiente da UniversityCollege de Londres, comentou por sua parte que até o momento os cientistassempremanifestaram que não existe umfenômeno climático extremo que possa ser relacionado de maneira definitiva com a mudança climática originada pelo homem.
"Isto é assim porque semprehouvefenômenos climáticos extremos e atribuí-los a eventos individuais é muito difícil. O estudona 'Nature' muda isto da raiz", explicou.
"Ao desenvolver milhares de modelos de simulação, demonstraram que a mudança climática induzida pelo homemteve, semdúvida, umainfluência significativa nasdestrutivasinundações registradas no Reino Unido no ano 2000", indicouMaslin.
"Estesestudos - ressaltou - enviamumamensagem científica muito clara aos políticos de que a magnitude das enormes inundações registradas no mundo aumentou pela mudança climática antropogênica".
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